Sentia-se assim, já que todos o esbarravam na rua. Vivia tão
calado que nem se lembrava de sua voz.
Com o tempo, adquiriu o hábito de seguir e a observar as pessoas. O
vazio que sentia, diminuía brevemente.
Nas festas de finais de ano, começou a entrar de penetra nos lugares, para se
alimentar das alegrias dos outros.
Em certo natal, entrou
numa casa e, como sempre, ninguém
o percebeu. Explorou a casa, até encontrar uma menina
que lhe sorriu. Pegou em sua mão e o levou
ao quarto. Seu corpo estremeceu,
há tempos que ninguém o tocava. Tentou lembrar-se de alguma lembrança remota, mas, só havia uma
tela em branco.
Ela mostrou os brinquedos novos e não parava de
conversar. De repente, alguém a chamou. Minutos depois, ela voltou com sua mãe para
apresentar o novo amigo. A mãe pensou
que se
tratava de um novo amigo
imaginário. Mandou a garota brincar com os primos e fechou a janela
escancarada do quarto para não
entrar insetos.
Ele correu com o coração quase saindo pela boca. Sentia
felicidade e medo ao mesmo tempo,
por se visível por segundos. Perguntava-se como agiria se todos voltassem a vê-lo, acostumara-se a
não ser visto. Um grupo de
homens e mulheres passou por ele e lhe desejaram um
feliz natal.
Retribuiu e, quando ouviu sua voz, um onda
de alegria o arrebatou.
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