segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

UM FELIZ NATAL SINCERO



Havia muita bebida e comida. A festa de Natal estava aparentemente tranquila, mas, um homem bêbado vomitou na mesa repleta de frutas, comida e bebidas. As crianças largaram a avó, que contava sobre o verdadeiro motivo do da comemoração do natal. Foram ver o barraco do tio. Riram com uma inocente crueldade.

– Quero que todo mundo se exploda!!!

– Querido, não faça escândalo, sua filha tá chorando.

– Saí daí sua vagabunda, nem sei se ela é minha filha!! Você não passa de uma vaca gorda e cheia de celulites e estrias!!!

– Mais respeito com a minha irmã, seu corno e impotente!!!

Foi uma confusão completa: choradeira, risos cínicos e olhares soberbos e de recriminação. A avó observou a tudo muito triste. Retirou-se.

Meia noite. Sozinha, a avó celebrou o genuíno significado do natal.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

ENCONTRO

Através do reflexo da bola da árvore de natal, o menino via um senhor com olhar cansado.

À medida que crescia, a projeção do senhor tornava-se mais jovem. Já muito idoso, o menino de outrora observou a bola da árvore mais uma vez. Viu que o garoto do outro lado se parecia muito com ele, quando era jovem.



A criança lhe estendeu a mão e o senhor entrou na bola, onde sempre imaginou ser um mundo mágico natalino.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PENSAMENTO SOMBRIO

Era belo, inteligente e tinha muitos amigos. Sua vida era luminosa e bem sucedida, mas, quando via na casa ao lado o vizinho muito doente cuidado pela mãe, um pensamento sombrio o angustiava:“Se eu estivesse assim como ele, será que alguém me amaria assim?”.

 Olhou-se no espelho, quer apagar a reflexão incômoda ao contemplar seu corpo esculpido pelos exercícios que pratica. Enquanto isso na casa ao lado, o vizinho e a mãe soltam gargalhadas, aproveitando cada segundo juntos a mais uma noite de natal.

CEIA DE NATAL

APARTAMENTO 101

 Antônio está de cueca, sentado na poltrona. Bebe cerveja e assiste a tevê. O telefone toca... Uma... Duas... Várias vezes. Ele não atende.  Sempre fica triste nesta época, lembra-se das pessoas que já se foram. A campainha toca e ele se arrasta até a porta. Quem poderia ser?  É Marinalda, vizinha do 202:

– Vem passar o natal lá em casa, seu Antônio, tem tanta coisa...

– Não sei... Não sou boa companhia...

– Se demorar muito, venho e te carrego pelas orelhas.



APARTAMENTO 202

 Marinalda mora com o filho, que é muito frágil de saúde.  Para animá-lo, ela sempre inventa festas.

  Só é ela e ele.



APARTAMENTO 303

Laura está na praia. Olha fixamente o mar. Sente falta de alguém... Decide caminhar pelo calçadão e, depois de alguns passos, esbarra num homem que parece conhecido.

– Você é o vizinho do 501, não é?

– Sim. Sou o Pedro.

– Pois é, não te reconheci de primeira, quase não te vejo. Moro no 303.

– Sei. Eu trabalho muito...

– Eu sou Laura...

– Muito prazer Laura!

_ Pensei que estivesse viajando.

_ Não. Eu vou ficar em casa mesmo!

_ Ah! Eu vou passar o Natal com a Marinalda do 202, se não tiver outro compromisso!

_ Não fui convidado.

_ Foi sim, por mim, então o que me diz?



APARTAMENTO 501

Pedro não para em casa e não possui vínculo com ninguém. Devido à sua "profissão". Precisa ser discreto para não levantar suspeitas e, às vezes, de tão discreto chega a ser  imperceptível.

Como nunca fica muito tempo num mesmo lugar, prefere não ter motivos para sentir falta dos lugares por onde passa, mas desta vez um belo rosto o seduziu. A jovem Laura com seus cabelos negros e seu sorriso triste.



A CEIA DE NATAL

Pedro e Laura trocam olhares. Marinalda e Antônio apreciam a felicidade de Lucas diante do presente de Natal: um computador.

 Estão entregues à felicidade, principalmente, por terem um breve abrigo da solidão.


VÉSPERA DE NATAL



Em um quarto barato de hotel, uma jovem sente as dores do parto. Está completamente sozinha. Foi abandonada pelo namorado e não quer pedir ajuda a família, os pais são muito severos e ela tinha medo que a matassem. Não queria o neném, fez várias tentativas de aborto e não conseguiu. Estava com tanta dor que se sentia pisada por um gigante.

Surge uma mulher que vem ao seu encontro, parece ser prostituta. Pede para jovem ter calma. A ambulância chega e a salva.  Tudo se passa muito rápido e o bebê nasce saudável. A jovem fica aliviada. No fundo, não deseja mal à criança, mas não tem condição de criá-lo, como revela à assistência social.

 
De repente, os pais da moça chegam e querem conhecer o neto. Afirmam que cuidarão da filha e da criança.
 A moça pergunta quem comunicou o parto e dizem que foi uma mulher. 

Quando a jovem vai pegar os objetos pessoais no hotel, pergunta à recepcionista sobre a mulher que a ajudara. A resposta é que ela foi encontrada sozinha no quarto. Mas, conta que ouve uma mulher semelhante à descrição que foi moradora antiga do lugar.
Era uma prostituta, que havia morrido em plena véspera de natal.



O PEDIDO



Ele estava com raiva de tudo e todos, queria se vingar do mundo, pois se achava a vítima das circunstâncias. 

Foi contratado como Ppai Noel, com a finalidade de distribuir brinquedos para os filhos e sobrinhos de um empresário. Seu plano era matá-lo por achar que irá melhorar o mundo, matando os ricos e poderosos. Planejou tudo com os mínimos detalhes.

O plano seguia perfeitamente... Quando deu meia noite, sacou a arma para o empresário, mas, uma garotinha apareceu chorando e lhe disse:

- Papai Noel pode levar meus brinquedos novos. Só quero de presente meu pai vivo.

Ele ficou perplexo e fugiu. Viu-se na menina e se sentiu um monstro.

Foi se despindo de Papai Noel pela rua e percebeu uma sensação de leveza esboçar dentro dele.


minicontos de natal II

I

 A criança ouve alguém entrar na casa, pensa que é Papai Noel. Vai à sala e vê seu pai levar um tiro na testa.

 II 

Está sozinho aparentemente, mas, na realidade, ceia acompanhado com as fotografias dos seus ao redor da mesa.

 III 

Cansada, observa a todos e fica grata com tanta atenção. Será o seu último natal em família. Uma pontada de dor surge e a morfina já vem para lhe dar sossego. 


IV 
Madrugada. Um vampiro aparece na janela: “Papai Noel me mandou para cá. Seu pedido será realizado...”.


V

"Muitas vezes, o desconhecido não está além do horizonte, mas muito perto."

Pensou, quando olhou aquelas pessoas na ceia de natal e que se diziam ser sua família.


MINICONTOS DE NATAL

Davam-lhe vinho, mas a boca continuava seca. Ao caminhar, encontrou um ancião que lhe deu um pouco de água. Depois de saciar a sede, perguntou-lhe o nome e ele respondeu...

“ NOEL”

***

DIA DE NATAL

Achavam que ele passaria o natal sozinho, mas ele guardava sua família no sótão e ceava com eles junto à mesa posta todos os anos. Depois, guardava novamente os playmobil.


***
O BEIJO( Inspirado num conto antigo)

A tia arrumava a bagunça depois que as crianças foram dormir com os brinquedos novos. Os adultos também  se recolheram. O Papai Noel apareceu e a abraçou, roubando um beijo. Ela adorou a surpresa, mas lembrou-se que sua irmã estava com as crianças no andar de cima e empurrou o cunhado. Depois, trancou-se no quarto e ligou a tevê para assistir o restinho da programação especial de natal. 


***
NO LEITO DE MORTE

A mãe o chamou para revelar finalmente quem era o seu pai...

Depois do enterro, ao imaginar a cena da mãe com Papai Noel, passou a sentir náuseas de homens obesos e barbudos. Preferiu deixar tudo com estava e não viajar mais à Lapônia.

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CARTA PARA PAPAI NOEL: “ Quero minha inocência de volta.”